Há cerca de dois anos, os micro horticultores da Rua do Meio, no município de Canas, localizado no Vale do Paraíba, adotaram um novo sistema de produção. É o mülching que proporcionou redução nos custos de produção, além de verduras e legumes de melhor qualidade.
O engenheiro agrônomo Vinícius Sampaio do Nascimento, da CATI Regional de Guaratinguetá explica que existiam muitos problemas com as hortas, já que as características locais são adequadas à produção de arroz de várzea. A região é bastante quente e chuvosa e os alagamentos inviabilizavam o preparo de solo. Ele destaca que os técnicos passaram a adaptar o sistema, que proporcionou constância à produção, ao mesmo tempo aumentou a área produtiva, possibilitando maior valor agregado devido a qualidade obtida na produção.
O mülching consiste na aplicação de uma camada de material orgânico ou filme plástico na superfície do solo, representando uma barreira física à transferência de energia e vapor d'água entre o solo e a atmosfera. Entre as suas vantagens está a retenção da umidade do solo, redução da rega durante o verão, proteção das plantas contra a erosão provocada pelas chuvas, diminuição da infestação de invasores e doenças, minimiza a compactação do solo, evita o contato direto dos frutos com o solo, reduz a umidade relativa no interior de estufas, evitando a perda de nutrientes.
O plástico preto aumenta sensívelmente o fluxo de calor, o que contribui para um melhor desenvolvimento da cultura já que controla a temperatura abaixo, no solo, por provocar a retenção de líquido. O filme claro (branco) além de reter o líquido, permite também o rebatimento da luz solar, atingindo a cultura de baixo para cima, produzindo uma igualdade no seu desenvolvimento e evitando a contaminação por fungos ou bactérias. O mülching é aplicado em culturas como morango, melão, tomate, abacaxi, uva, beringela, pepino, alface e pimentão.
Ildefonso Favali, do sitio São José, é um dos onze produtores que aderiram ao sistema. Sua horticultura é familiar e ele e seus irmãos plantam alface e cebola em um alqueire e meio. Ele afirma que está economizando adubo, mão-de-obra com capina e que o uso de fertilizantes caiu pela metade. O custo de produção da alface, por exemplo, está em torno de R$ 0,38 e ele vende a R$ 1,00 o pé. “Antes eu não tinha rendimento nenhum e agora as vantagens aumentaram bastante: hoje as verduras são mais bonitas, tem qualidade e já saem da horta limpinhas”.
Vinícius enfatiza que a maior vantagem é que uma cultura bem implantada possibilita economia considerável de fertilizantes e agrega valor com a utilização de estratégias de mercado. ”Nossos próximos passos serão a combinação do mülching com telado e a expansão dessa tecnologia para outros produtores. Além disso, vamos introduzir o cultivo em ambiente protegido, cultivo orgânico de tomates e hidroponia”, finaliza o agrônomo.
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