quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pequenos pecuaristas inovam na busca de eficiência e sustentabilidade

A CATI – Regional de Jales é composta por vinte e dois municípios. Segundo o LUPA, Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária, a região possui aproximadamente 9,5 mil propriedades, das quais 913 se dedicam à produção leiteira. Das pequenas propriedades, 35 integram o Projeto CATI Leite – desenvolvendo São Paulo, executado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral e que tem por objetivo viabilizar a atividade leiteira nas pequenas propriedades familiares.

O Sítio Santos Reis, localizado na microbacia do Córrego do Lageado, no município de Pontalinda é um exemplo de mudança de atitude em relação à atividade leiteira, visando o aumento da produção e da renda com baixo custo. O proprietário Aparecido Pontel, sua esposa Carmem e seu filho Alexandre vieram para o sítio em 1984. Na época trabalhavam bastante mas não viam muito resultado. Hoje, após ingressarem no Projeto CATI Leite, a família Pontel produz 122 litros de leite por dia na época de estiagem, com nove vacas em lactação.

Seu Pontel conta que doze animais já nasceram em sua propriedade depois de implantar o Projeto e que duas novilhas já foram inseminadas. Ele tem 127 piquetes e, ainda esse ano, vai fazer mais 28. A área utilizada é de seis hectares, sendo cinco de pasto e um de cana. O rebanho é de 28 animais e, para alimentar seus animais, ele usa braquiária, tifton e mombaça. Hoje está ampliando a atividade com a utilização de sêmen sexado nas duas novilhas que foram inseminadas pela primeira vez e implantou um teste com napier para alimentação em cocho no inverno e que tem capacidade de produzir de 40 a 50 toneladas de matéria seca por hectare, mas ainda falta fazer a análise bromatológica para saber quantidade de proteína e energia.

Segundo Alessandro Nunes Ferreira, chefe da Casa da Agricultura de Pontalinda, “o mais importante é a mudança na qualidade de vida das comunidades rurais”. Ele explica que o Programa Estadual de Microbacias ajudou muito nisso e no caso do Córrego do Lageado foram investidos 102 mil reais em ações e subsídios para dar sustentabilidade ao agronegócio dos pequenos produtores. Ele acredita que uma das ações que fizeram melhorar a vida desses agricultores foi a instalação das seis fossas sépticas biodigestoras.

Dona Carmem é que está contente com a instalação da fossa em seu sítio em 2007. Ela conta que antes a fossa desbarrancava sempre e que era um perigo porque a criançada podia cair no buraco. Além disso, a fossa tinha que ser construída a 30 metros do poço e que, ainda assim contaminava o lençol freático. “Teve uma vez que deu uma onda de pernilongo e descobrimos que vinha da fossa. Com a nova instalação acabou a dor de cabeça, o perigo e o cheiro ruim”, finaliza.

Outro exemplo de destaque é a utilização do chorume para adubação de pasto no município de Santa Albertina. O produtor Otaide Procópio Martins, da Chácara Bela Vista, fez um encanamento que leva todo o esterco obtido com a lavagem da sala de ordenha para um local onde ele fez um buraco e revestiu com lona. Essa mistura fica depositada e é utilizada a cada 25 dias para irrigar seus piquetes. Otaide explica que o capim está com ótimo aspecto, mesmo na entressafra, além disso está aproveitando o esterco, economizando adubo e cuidando da parte ambiental, já que o chorume obtido com a lavagem do curral não atinge o lençol freático”.

A Chácara Bela Vista está incluída no projeto CATI Leite desde 2001 e produz hoje 180 litros por dia, com 16 vacas em lactação, o que dá uma média de 18 litros por animal. Na época das águas ele chega a produzir 300 litros por dia. Em seus sete hectares ele tem 28 piquetes de mombaça, mas há 40 dias implantou mais 20 piquetes com tifton, que segundo ele dá mais trabalho para manejar, mas é o melhor capim para alimentação de gado leiteiro. Fora as vacas em lactação, Otaide tem quase 30 animais, entre novilhas e bezerras, sendo que doze foram inseminadas a mais ou menos quarenta dias.

Dia de Campo

No último dia 27/08, aconteceu no município de Santa Rita D´Oeste, um Dia de Campo sobre Pecuária Leiteira onde, além de técnicos, estavam presentes a maioria dos produtores que fazem parte do Projeto CATI Leite, na região de Jales.

Durante o evento foi reforçado pelos técnicos envolvidos no projeto que na pecuária leiteira o mais importante é o fornecimento de alimentação em quantidade e com qualidade. Quanto mais o animal produz, mas ele precisa de proteína e energia. Para saber as necessidades de cada vaca em lactação é preciso saber o peso e a produtividade de cada uma.

Na oportunidade os participantes foram conhecer o Sítio Nossa Senhora Aparecida que tem uma área total de 9,7 hectares. O produtor Valdomiro Zolin, com a ajuda do seu neto Fernando, utiliza 4,5 hectares para os 76 piquetes e 1,2 hectare para cana-de-açúcar. A produção hoje é de 350 litros por dia, com 17 vacas em lactação. Quando começou o projeto, em 2001, sua média era 100 litros diários, mas vendeu todos os animais e substituiu por outros. Hoje são 25 animais. Para o neto Fernando o importante é investir devagar e o que fizer, fazer bem feito.

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