quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dia de Campo sobre introdução de vitivinicultura reúne 150 pessoas

Informar sobre a implantação de vinhedos para produção de vinhos e oferecer uma opção economicamente viável para os pequenos e médios agricultores foram os principais objetivos do Dia de Campo, que aconteceu no último dia 15/12, em São João da Boa Vista e que reuniu 150 pessoas entre técnicos, produtores e outros interessados nessa cadeia produtiva.

Na oportunidade estiveram presentes o secretário de Agricultura e Abastecimento, em exercício, Antonio Julio Junqueira de Queiroz, o prefeito municipal, Nelson Nicolau e o coordenador da CATI, José Luiz Fontes. O Dia de Campo enfocou temas como importância da qualidade da muda, implantação do vinhedo, produção e consumo de vinho em São Paulo e potencialidades da fruticultura na região. Houve também o depoimento de um produtor e uma conversa informal entre técnicos, produtores e empresas.

A região que envolve São João da Boa Vista e Minas Gerais tem algumas vinícolas, mas a maior parte da uva utilizada para a produção de vinhos é proveniente do Rio Grande do Sul. É o que explica o produtor Luiz Carlos Marcon, proprietário da Fazenda Emboaba, onde ocorreu o Dia de Campo e vitivinicultor em Andradas – MG. Ele destacou a importância da diversificação de cultura e seu interesse em comprar uva para a produção de seus vinhos. Hoje ele tem 80 mil pés da fruta, trabalha com 50 famílias do Rio Grande do Sul, mas ainda precisa da fruta para sua vinícola. Neto de imigrantes italianos, seu Luiz afirma que tudo que ele tem veio de um pé de uva. “Comecei com 20 mil litros e hoje estou com dois milhões. Por isso, espero que surjam novas videiras na região para suprir minha produção. A vitivinicultura é um espaço aberto para todos ganharem dinheiro”, finaliza.

O engenheiro agrônomo Amélio José Berti, da CATI – sementes e mudas de São Bento do Sapucaí, afirmou que a procura por informações sobre mudas enraizadas de videiras e novas tecnologias para formação de vinhedos é muito grande. Ele falou que o Brasil importa mudas da França e com isso vieram também as viroses e algumas doenças fúngicas, que antes não existiam no país. “Por esse motivo, sentimos a necessidade de desenvolver uma tecnologia totalmente brasileira para controlar a qualidade das mudas. Uma das vantagens da implantação de vinhedos é o retorno rápido, já que com um ano de plantio, o produtor começa a ser remunerado”.

Armando Portas, diretor geral do departamento de sementes e mudas da CATI destaca que a fruticultura é viável, pois permite uma opção de diversificação em pequenas áreas, fixa o homem no campo e agrega valor, através de compotas, geléias, doces e, nesse caso, o vinho.

Para José Luiz Fontes, coordenador da CATI, o sistema de produção de mudas de videiras é bastante promissor. “Temos tecnologia adequada, mercado e agricultores que querem alternativas economicamente viáveis. A Secretaria tem técnicos para orientar esses produtores e projetos diferenciados para cada tipo de necessidade. Eventos como esse demonstram a integração entre as diversas áreas da instituição, que visam atender as várias cadeias produtivas”.

A Secretaria de Agricultura e alguns trabalhos direcionados a vitivinicultura

Em relação à vitivinicultura, novos pólos mundiais estão surgindo e cada um com suas características locais. No Brasil, o maior é o Grupo Miolo e o Salton com os espumantes. Mas, São Paulo ainda é muito dependente da uva gaúcha e é isso que a Secretaria pretende mudar.

Uma dessas ações é desenvolvida pela CATI, através do sistema de produção de variedades de qualidade, que vem priorizando as uvas rústicas, adequadas a vinicultura e mais procuradas pelos agricultores. Nesse processo, as mudas embaladas em sacolas plásticas e com substrato já vão para o campo enxertadas, enraizadas e padronizadas. Com essa tecnologia, as vantagens observadas são ganho de tempo, economia e homogeneização do vinhedo.

Já a APTA tem um projeto implantado em quatro municípios, São Roque, Jundiaí, São Miguel Arcanjo e Jarinu, visando a expansão da vitivinicultura em São Paulo, já que esse Estado é responsável por 70% do vinho consumido no Brasil. Esse trabalho envolve 2.191 hectares com uva e cerca de 140 produtores, a maioria com até cinco hectares. Além disso, integram o projeto o Instituto de Economia Agrícola, a CATI e a UNICAMP.

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